.tão.pouco.mas.tão.pouco.se.sabe.das.certezas_____que não chega ao quase_____________uma.
Betty Branco Martins
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luiz telles: Poeta_______Xavier Zarco

Poeta_______Xavier Zarco

2008-12-06____Auditório do Campo Grande – Lisboa
Apresentação de “ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO”, de
BETTY BRANCO MARTINS_________

Edium Editores 2008)

.as fotos foram tiradas por dois amigos meus Nuno de Sousa Fotografo e PatríciaVilelaAntunesFotos o meu obrigada________.um grande beijo aos dois________.Betty Martins

______na voz do ______poeta Xavier Zarco





Antes de mais, embora sabendo que me vou repetir, mas há repetições que nunca são em demasia, agradeço a vossa presença neste sábado de inverno, sábado de um fim de semana prolongado, ainda por cima com o Natal já ao virar da esquina.

Esta vossa opção é para quem escreve algo que significa muito. quem escreve dá-se em cada caractere, mas só se pode dar quando há quem receba. Daí o muito obrigado.


Ora bem. quando abri o ficheiro deste “ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO”, antes de tudo, o que pensei foi: coitado do paginador, vai ver-se grego para o compor.

No entanto, isso é um problema que ele teria de resolver. Não era um problema meu. Como tinha e continuo a ter confiança na decisão dos meus pares que constituem o que nós chamamos de painel de autores Edium, que analisam e imitem o seu parecer sobre as obras que esta edita, atrevi-me a ler, isto antes de comunicar à autora a decisão tomada.

Devo-vos dizer aquela frase feita: primeiro estranha-se, depois entranha-se. Este livro de Betty Branco Martins é, na minha opinião, uma das mais interessantes obras de poesia que a Edium editou no decurso deste ano de dois mil e oito.

Naturalmente que esta minha opinião é exactamente isso: é minha. Mas sendo minha teoricamente nada teria a ver com o impacto inicial causado pela componente visual com que a poetisa espraia o seu texto pelo o tradicional branco da página, antes seria o reflexo do conteúdo com que nos incita à leitura e, sobretudo, à reflexão.

Mas não é bem o caso. Esta forma de construir o seu registo, este corpo desenhado para cada poema, dá-nos uma dimensão diversa, uma espécie de guia, de mapa, talvez um moderno “GPS” para uma nova forma de respiração do verso.

A sua mensagem alia-se portanto a uma cadência interna, não por uma opção silábica, mas por uma estrutura gráfica que leva o leitor a descobrir um ritmo melódico deveras curioso.

Mas que arquitectura e que fragmento! Sobretudo este último, dado ser indeterminado. É um fragmento, não o fragmento.


Por definição, a arquitectura é a arte de levantar construções de toda a espécie. Por seu turno, fragmento é cada uma – novamente o indeterminado é cada uma das partes em que separou um objecto que rompeu ou partiu. Mas fragmento é parte de um todo, melhor: é a memória desse todo. A prova inequívoca da passada existência de um todo.







Talvez por isso a poetisa procure para elaboração desta arquitectura de um fragmento um registo intertextual. Dou-vos dois exemplos presentes nos poemas sugestivamente intitulados “O que querem os deuses” e “O deus das pequenas coisas”.


No primeiro, Betty Branco Martins:


“tens uma faca nos dentes”

No segundo, é o próprio título: “ O deus das pequenas coisas”.

No primeiro exemplo, sinto a alusão a António José Forte que em mil novecentos e oitenta e três publica um livro sob o título: “ Uma faca entre os dentes” e, no segundo, a presença de Arundhati Roy que no ano mil novecentos e noventa e sete recebe o Booker Prize exactamente com uma obra que, na sua versão portuguesa, se intitula exactamente “ O deus das pequenas coisa”.

Com isto, naturalmente segundo a minha leitura, pretende Betty Branco Martins dar-nos a sugestão de quão preciosa é a nossa memória, desta feita aquela que se ergue através da cultura.

Mas a poetisa vai mais longe, não se resume à cultura nada na literatura, antes viaja para o desvelar deste fragmento por outras artes:


Pela música, por exemplo, leia-se “Palhaço” a referência a:


“______quasi una fantasia”______Beethoven”

Ou pela pintura, como se pode ler no poema: “Instantes d´alma”:

“ouvia

flores____primavera. no nascimento de Vénus feito por Botticelli”.

São de facto referências, marcos geodésicos para o implementar de todo o projecto
de arquitectura. Betty Branco Martins desafia-nos, já dentro do próprio corpo poético, à recolha de cada um deste fragmentos para o decifrar do fragmento inicial.

Mas a poetisa não resume a sua construção futura à memória, isto porque, tal como escreve no poema “[IN]sentidos_____na sede”, “____o caminho para o poço não significa o fim da nossa sede”.

Há portanto que desbravar os próprios mistérios da arte, neste caso, da escrita. Os artefactos, as regras com que se tornaram possíveis não só o recuperar do tempo, mas o edificar do tempo presente e futuro.


A escrita, a arte, torna-se tema. Leia-se, como exemplo, no poema: “Instantes d´alma”, o seguinte:

“numa contemplação do artista__contínua da natureza____pois é impossível para ele reproduzir com a mão a partir do natural____ se não forjou primeira a imaginação___e para fazê-lo precisa de estar muito atento_____pois os movimentos da alma só se manifestam por instantes_____muito breves”.


Há necessidade para o erguer da obra de possuir mecanismos que sejam capazes de captar esses instantes, esses muito breves instantes. é essa a demanda que podemos vislumbrar em diversos momentos neste “ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO”.


Mas este livro cativou-me sobretudo por um motivo. A arte não está dissociada da vida, muito antes pelo contrário. Ela é o reflexo da vida. e sendo-o, o que faz arte não pode, nem deve, como se costuma dizer, assobiar para o lado, fingir que não vê o que o rodeia.


Betty Branco Martins faz, também, da sua poesia uma arma contra o silêncio e a indiferença. Leia-se o poema “A única testemunha” ou “ A terra às avessas”. São poemas com imagens fortes, a que ninguém pode ficar indiferente. Do segundo, retirei esta quadra que agora vos leio.


“O sol ficou prisioneiro
Dalguns_____que quiseram ser seus compradores
A chuva em cestos de verga____era o seu dinheiro
Leveza dos sonhos____mortos pelos senhores”


Ou do poema “Estão vazias____vazias”, este verso:

“Povo de bolsos vazios. d´onde roubaram tudo____até o cotão”


ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO é de facto um livro que vale bem a pena decifrar.


Muito obrigado


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nas palavras do poeta______________XAVIER ZARCO










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_____apresentação do livro “ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO”







autora______BETTY BRANCO MARTINS


Edium Editores __Jorge Branco





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.muito me honrou a presença e a leitura de alguns dos meus poemas na voz do poeta______________JOSÉ FELIX



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.___________________Obrigada pela. rosa____________...________________

___minha mãE_______________...__ton coeur mon coeur________________...








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