um olhar.magoado.triste
Volta para nós!
Fica bem rapidamente minha querida Betty...
...
(um quadro a óleo s/tela de Betty Martins)
Fica bem rapidamente minha querida Betty...
...
(um quadro a óleo s/tela de Betty Martins)
.procuro.a.bússula.azul.num.mar.de.pedras_____________________frias
____________________________///
© Betty Branco Martins
.todos os textos estão protegidos pela SPA.imagens e textos com Direitos Autorais de Betty Branco Martins
O LIVRO DE BETTY BRANCO MARTINS
A autenticidade do artista
Betty Branco Martins. Pintora e Escritora
.a linha.d’água
o
[in]sano
desvirtuando a nudez.dum.corpo
comungando o vestal.branco
.vivendo o ritual da água.que.se.procura.benta
entre os dragões que lutam com as
insónias
in.finitas neste mapa________marcado
trémulo.o.peito
a.deflorar um desejo________numa maçã vermelha
incendiar as asas.do.olhar
rasgar a alma
como.se.puro.linho.fosse
o .sagrado.
cai.vermelho num corpo sem mácula
em forma de chuva_______prata
imprime.o.[s].contorno.[s].do.[s].sentir.[es]
numa entrega pro.funda_________________
cala.o.rio
© Betty Branco Martins
.todos os textos estão protegidos pela SPA
.imagens e textos com Direitos Autorais de Betty Branco Martins
À MINHA GRANDE AMIGA BETTY MARTINS (irmã)
Enfim, enfim quebrara-se realmente o meu invólucro, e sem limite eu era. Por não ser, era. Até ao fim daquilo que eu não era, eu era. O que não sou eu, eu sou. Tudo estará em mim, se eu não for; pois 'eu' é apenas um dos espasmos instantâneos do mundo.
Minha vida não tem sentido apenas humano, é muito maior - é tão maior que, em relação ao humano, não tem sentido. Da organização geral que era maior que eu, eu só havia até então percebido os fragmentos. Mas agora, eu era muito menos que humana - e só realizaria o meu destino especificamente humano se me entregasse, como estava me entregando, ao que já não era eu, ao que já é inumano.
E entregando-me com a confiança de pertencer ao desconhecido. Pois só posso rezar ao que não conheço. E só posso amar à evidência desconhecida das coisas, e só me posso agregar ao que desconheço.
Só esta é que é uma entrega real.
Clarice Lispector, in 'A Paixão Segundo'
Minha vida não tem sentido apenas humano, é muito maior - é tão maior que, em relação ao humano, não tem sentido. Da organização geral que era maior que eu, eu só havia até então percebido os fragmentos. Mas agora, eu era muito menos que humana - e só realizaria o meu destino especificamente humano se me entregasse, como estava me entregando, ao que já não era eu, ao que já é inumano.
E entregando-me com a confiança de pertencer ao desconhecido. Pois só posso rezar ao que não conheço. E só posso amar à evidência desconhecida das coisas, e só me posso agregar ao que desconheço.
Só esta é que é uma entrega real.
Clarice Lispector, in 'A Paixão Segundo'
Poeta_______Xavier Zarco
2008-12-06____Auditório do Campo Grande – Lisboa
Apresentação de “ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO”, de
BETTY BRANCO MARTINS_________
Edium Editores 2008)
.as fotos foram tiradas por dois amigos meus Nuno de Sousa Fotografo e PatríciaVilelaAntunesFotos o meu obrigada________.um grande beijo aos dois________.Betty Martins
______na voz do ______poeta Xavier Zarco
Antes de mais, embora sabendo que me vou repetir, mas há repetições que nunca são em demasia, agradeço a vossa presença neste sábado de inverno, sábado de um fim de semana prolongado, ainda por cima com o Natal já ao virar da esquina.
Esta vossa opção é para quem escreve algo que significa muito. quem escreve dá-se em cada caractere, mas só se pode dar quando há quem receba. Daí o muito obrigado.
Ora bem. quando abri o ficheiro deste “ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO”, antes de tudo, o que pensei foi: coitado do paginador, vai ver-se grego para o compor.
No entanto, isso é um problema que ele teria de resolver. Não era um problema meu. Como tinha e continuo a ter confiança na decisão dos meus pares que constituem o que nós chamamos de painel de autores Edium, que analisam e imitem o seu parecer sobre as obras que esta edita, atrevi-me a ler, isto antes de comunicar à autora a decisão tomada.
Devo-vos dizer aquela frase feita: primeiro estranha-se, depois entranha-se. Este livro de Betty Branco Martins é, na minha opinião, uma das mais interessantes obras de poesia que a Edium editou no decurso deste ano de dois mil e oito.
Naturalmente que esta minha opinião é exactamente isso: é minha. Mas sendo minha teoricamente nada teria a ver com o impacto inicial causado pela componente visual com que a poetisa espraia o seu texto pelo o tradicional branco da página, antes seria o reflexo do conteúdo com que nos incita à leitura e, sobretudo, à reflexão.
Mas não é bem o caso. Esta forma de construir o seu registo, este corpo desenhado para cada poema, dá-nos uma dimensão diversa, uma espécie de guia, de mapa, talvez um moderno “GPS” para uma nova forma de respiração do verso.
A sua mensagem alia-se portanto a uma cadência interna, não por uma opção silábica, mas por uma estrutura gráfica que leva o leitor a descobrir um ritmo melódico deveras curioso.
Mas que arquitectura e que fragmento! Sobretudo este último, dado ser indeterminado. É um fragmento, não o fragmento.
Por definição, a arquitectura é a arte de levantar construções de toda a espécie. Por seu turno, fragmento é cada uma – novamente o indeterminado é cada uma das partes em que separou um objecto que rompeu ou partiu. Mas fragmento é parte de um todo, melhor: é a memória desse todo. A prova inequívoca da passada existência de um todo.
Talvez por isso a poetisa procure para elaboração desta arquitectura de um fragmento um registo intertextual. Dou-vos dois exemplos presentes nos poemas sugestivamente intitulados “O que querem os deuses” e “O deus das pequenas coisas”.
No primeiro, Betty Branco Martins:
“tens uma faca nos dentes”
No segundo, é o próprio título: “ O deus das pequenas coisas”.
No primeiro exemplo, sinto a alusão a António José Forte que em mil novecentos e oitenta e três publica um livro sob o título: “ Uma faca entre os dentes” e, no segundo, a presença de Arundhati Roy que no ano mil novecentos e noventa e sete recebe o Booker Prize exactamente com uma obra que, na sua versão portuguesa, se intitula exactamente “ O deus das pequenas coisa”.
Com isto, naturalmente segundo a minha leitura, pretende Betty Branco Martins dar-nos a sugestão de quão preciosa é a nossa memória, desta feita aquela que se ergue através da cultura.
Mas a poetisa vai mais longe, não se resume à cultura nada na literatura, antes viaja para o desvelar deste fragmento por outras artes:
Pela música, por exemplo, leia-se “Palhaço” a referência a:
“______quasi una fantasia”______Beethoven”
Ou pela pintura, como se pode ler no poema: “Instantes d´alma”:
“ouvia
flores____primavera. no nascimento de Vénus feito por Botticelli”.
São de facto referências, marcos geodésicos para o implementar de todo o projecto
de arquitectura. Betty Branco Martins desafia-nos, já dentro do próprio corpo poético, à recolha de cada um deste fragmentos para o decifrar do fragmento inicial.
Mas a poetisa não resume a sua construção futura à memória, isto porque, tal como escreve no poema “[IN]sentidos_____na sede”, “____o caminho para o poço não significa o fim da nossa sede”.
Há portanto que desbravar os próprios mistérios da arte, neste caso, da escrita. Os artefactos, as regras com que se tornaram possíveis não só o recuperar do tempo, mas o edificar do tempo presente e futuro.
A escrita, a arte, torna-se tema. Leia-se, como exemplo, no poema: “Instantes d´alma”, o seguinte:
“numa contemplação do artista__contínua da natureza____pois é impossível para ele reproduzir com a mão a partir do natural____ se não forjou primeira a imaginação___e para fazê-lo precisa de estar muito atento_____pois os movimentos da alma só se manifestam por instantes_____muito breves”.
Há necessidade para o erguer da obra de possuir mecanismos que sejam capazes de captar esses instantes, esses muito breves instantes. é essa a demanda que podemos vislumbrar em diversos momentos neste “ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO”.
Mas este livro cativou-me sobretudo por um motivo. A arte não está dissociada da vida, muito antes pelo contrário. Ela é o reflexo da vida. e sendo-o, o que faz arte não pode, nem deve, como se costuma dizer, assobiar para o lado, fingir que não vê o que o rodeia.
Betty Branco Martins faz, também, da sua poesia uma arma contra o silêncio e a indiferença. Leia-se o poema “A única testemunha” ou “ A terra às avessas”. São poemas com imagens fortes, a que ninguém pode ficar indiferente. Do segundo, retirei esta quadra que agora vos leio.
“O sol ficou prisioneiro
Dalguns_____que quiseram ser seus compradores
A chuva em cestos de verga____era o seu dinheiro
Leveza dos sonhos____mortos pelos senhores”
Ou do poema “Estão vazias____vazias”, este verso:
“Povo de bolsos vazios. d´onde roubaram tudo____até o cotão”
ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO é de facto um livro que vale bem a pena decifrar.
Muito obrigado
__________________...
nas palavras do poeta______________XAVIER ZARCO
_______...______
_____apresentação do livro “ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO”
autora______BETTY BRANCO MARTINS
Edium Editores __Jorge Branco
________________...
.muito me honrou a presença e a leitura de alguns dos meus poemas na voz do poeta______________JOSÉ FELIX
__________...
.___________________Obrigada pela. rosa____________...________________
___minha mãE_______________...__ton coeur mon coeur________________...
[photos of "iwaLKU2's"]
© Betty Branco Martins
.todos os textos e imagens estão protegidos pela SPA
Apresentação de “ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO”, de
BETTY BRANCO MARTINS_________
Edium Editores 2008)
.as fotos foram tiradas por dois amigos meus Nuno de Sousa Fotografo e PatríciaVilelaAntunesFotos o meu obrigada________.um grande beijo aos dois________.Betty Martins
______na voz do ______poeta Xavier Zarco
Antes de mais, embora sabendo que me vou repetir, mas há repetições que nunca são em demasia, agradeço a vossa presença neste sábado de inverno, sábado de um fim de semana prolongado, ainda por cima com o Natal já ao virar da esquina.
Esta vossa opção é para quem escreve algo que significa muito. quem escreve dá-se em cada caractere, mas só se pode dar quando há quem receba. Daí o muito obrigado.
Ora bem. quando abri o ficheiro deste “ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO”, antes de tudo, o que pensei foi: coitado do paginador, vai ver-se grego para o compor.
No entanto, isso é um problema que ele teria de resolver. Não era um problema meu. Como tinha e continuo a ter confiança na decisão dos meus pares que constituem o que nós chamamos de painel de autores Edium, que analisam e imitem o seu parecer sobre as obras que esta edita, atrevi-me a ler, isto antes de comunicar à autora a decisão tomada.
Devo-vos dizer aquela frase feita: primeiro estranha-se, depois entranha-se. Este livro de Betty Branco Martins é, na minha opinião, uma das mais interessantes obras de poesia que a Edium editou no decurso deste ano de dois mil e oito.
Naturalmente que esta minha opinião é exactamente isso: é minha. Mas sendo minha teoricamente nada teria a ver com o impacto inicial causado pela componente visual com que a poetisa espraia o seu texto pelo o tradicional branco da página, antes seria o reflexo do conteúdo com que nos incita à leitura e, sobretudo, à reflexão.
Mas não é bem o caso. Esta forma de construir o seu registo, este corpo desenhado para cada poema, dá-nos uma dimensão diversa, uma espécie de guia, de mapa, talvez um moderno “GPS” para uma nova forma de respiração do verso.
A sua mensagem alia-se portanto a uma cadência interna, não por uma opção silábica, mas por uma estrutura gráfica que leva o leitor a descobrir um ritmo melódico deveras curioso.
Mas que arquitectura e que fragmento! Sobretudo este último, dado ser indeterminado. É um fragmento, não o fragmento.
Por definição, a arquitectura é a arte de levantar construções de toda a espécie. Por seu turno, fragmento é cada uma – novamente o indeterminado é cada uma das partes em que separou um objecto que rompeu ou partiu. Mas fragmento é parte de um todo, melhor: é a memória desse todo. A prova inequívoca da passada existência de um todo.
Talvez por isso a poetisa procure para elaboração desta arquitectura de um fragmento um registo intertextual. Dou-vos dois exemplos presentes nos poemas sugestivamente intitulados “O que querem os deuses” e “O deus das pequenas coisas”.
No primeiro, Betty Branco Martins:
“tens uma faca nos dentes”
No segundo, é o próprio título: “ O deus das pequenas coisas”.
No primeiro exemplo, sinto a alusão a António José Forte que em mil novecentos e oitenta e três publica um livro sob o título: “ Uma faca entre os dentes” e, no segundo, a presença de Arundhati Roy que no ano mil novecentos e noventa e sete recebe o Booker Prize exactamente com uma obra que, na sua versão portuguesa, se intitula exactamente “ O deus das pequenas coisa”.
Com isto, naturalmente segundo a minha leitura, pretende Betty Branco Martins dar-nos a sugestão de quão preciosa é a nossa memória, desta feita aquela que se ergue através da cultura.
Mas a poetisa vai mais longe, não se resume à cultura nada na literatura, antes viaja para o desvelar deste fragmento por outras artes:
Pela música, por exemplo, leia-se “Palhaço” a referência a:
“______quasi una fantasia”______Beethoven”
Ou pela pintura, como se pode ler no poema: “Instantes d´alma”:
“ouvia
flores____primavera. no nascimento de Vénus feito por Botticelli”.
São de facto referências, marcos geodésicos para o implementar de todo o projecto
de arquitectura. Betty Branco Martins desafia-nos, já dentro do próprio corpo poético, à recolha de cada um deste fragmentos para o decifrar do fragmento inicial.
Mas a poetisa não resume a sua construção futura à memória, isto porque, tal como escreve no poema “[IN]sentidos_____na sede”, “____o caminho para o poço não significa o fim da nossa sede”.
Há portanto que desbravar os próprios mistérios da arte, neste caso, da escrita. Os artefactos, as regras com que se tornaram possíveis não só o recuperar do tempo, mas o edificar do tempo presente e futuro.
A escrita, a arte, torna-se tema. Leia-se, como exemplo, no poema: “Instantes d´alma”, o seguinte:
“numa contemplação do artista__contínua da natureza____pois é impossível para ele reproduzir com a mão a partir do natural____ se não forjou primeira a imaginação___e para fazê-lo precisa de estar muito atento_____pois os movimentos da alma só se manifestam por instantes_____muito breves”.
Há necessidade para o erguer da obra de possuir mecanismos que sejam capazes de captar esses instantes, esses muito breves instantes. é essa a demanda que podemos vislumbrar em diversos momentos neste “ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO”.
Mas este livro cativou-me sobretudo por um motivo. A arte não está dissociada da vida, muito antes pelo contrário. Ela é o reflexo da vida. e sendo-o, o que faz arte não pode, nem deve, como se costuma dizer, assobiar para o lado, fingir que não vê o que o rodeia.
Betty Branco Martins faz, também, da sua poesia uma arma contra o silêncio e a indiferença. Leia-se o poema “A única testemunha” ou “ A terra às avessas”. São poemas com imagens fortes, a que ninguém pode ficar indiferente. Do segundo, retirei esta quadra que agora vos leio.
“O sol ficou prisioneiro
Dalguns_____que quiseram ser seus compradores
A chuva em cestos de verga____era o seu dinheiro
Leveza dos sonhos____mortos pelos senhores”
Ou do poema “Estão vazias____vazias”, este verso:
“Povo de bolsos vazios. d´onde roubaram tudo____até o cotão”
ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO é de facto um livro que vale bem a pena decifrar.
Muito obrigado
__________________...
nas palavras do poeta______________XAVIER ZARCO
_______...______
_____apresentação do livro “ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO”
autora______BETTY BRANCO MARTINS
Edium Editores __Jorge Branco
________________...
.muito me honrou a presença e a leitura de alguns dos meus poemas na voz do poeta______________JOSÉ FELIX
__________...
.___________________Obrigada pela. rosa____________...________________
___minha mãE_______________...__ton coeur mon coeur________________...
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© Betty Branco Martins
.todos os textos e imagens estão protegidos pela SPA
.que lança é esta _________que espetada.nos pés________..._______segue.até aos meus olhos_____que morrem por não te ver
_________...
Betty Martins